domingo, 1 de outubro de 2017

Não existe o perdão, existe o tempo.


Li o livro A difícil arte de perdoar de Elaine Aldrovandi, onde a autora discorre sobre os motivos que impedem as pessoas de perdoar e de pedir perdão. Para isso, ela usa argumentos com base na psicologia, cita outros autores e muitas frases do Evangelho Segundo o Espiritismo.

O livro foi recomendado por meu filho, dizendo objetivamente:
_ Mãe, você precisa ler esse livro. 
Não quis perguntar o motivo. Ele não me diria. Simplesmente, li.

O perdão, no livro ou em qualquer leitura que se faça, é um assunto visto como o único meio possível para obter a felicidade. É a partir dele que será alcançada a libertação na busca do amor, em toda a sua amplitude, é o caminho para vencer o sentimento da raiva, da amargura e da vingança.

Nele, vem descritos argumentos do porquê de perdoar, reforça a necessidade deste ato para a vida num todo, mostra o passo a passo como técnica para alcança-lo e traz uma oração como autoajuda.

Para quem ainda resiste aos seus argumentos, Elaine cita que o "O perdão não vai beneficiar a quem lhe ofendeu, porque ele segue culpado. O perdão vai beneficiar você". pg 142. Talvez assim, alguém ceda ao poder da razão, se emocione, pense em si próprio e perdoe.

Em todas as suas páginas é abordado que o pedido de perdão é tão difícil quanto o de perdoar. Concluo: Se fosse possível, fisicamente, mensurar o tamanho da dificuldade que as pessoas têm de perdoar com o resultado final em alcançá-lo, atribuo o a da igualdade. Ou seja: Se as pessoas não pedem perdão e não conseguem perdoar umas as outras, logo ninguém é perdoado. 

Pessoalmente, acredito que o perdão venha como que num insight. Ou algo muito natural, como de repente, você lembra de algum "perdão não perdoado" e não sente mais nada. Se está aliviado dentro de você, certamente estará perdoado.

Não acredito no perdão provocado.  Enquanto a dor remoer o coração, não haverá livro, boa intenção, que faça você perdoar. Diz o livro que é preciso perdoar para se livrar e ser feliz. Não concebo, a ideia de olhar para alguém ter qualquer sentimento contraditório e dizer: 
_Você esta perdoado, porém não consigo te dar um abraço.

"A grande dificuldade em perdoar, diz Cary Chapman, no livro As cinco linguagens do perdão, reside no fato de que o perdão, traz um custo muito alto para a parte ofendida.
_Será que existe custo maior do que as lembranças que não saem dentro de nós?

A magia do perdoe e será perdoado, para mim, não existe. Se existisse não seria preciso usar a expressão "dê tempo ao tempo". 
Não existe o perdão, existe o tempo. 
Existe, a descoberta de que a vida é o está pela frente. 

Um comentário:

Andréa von Linsingen disse...

É preciso muita maturidade e conhecimento "da vida como ela é" para que possamos entender o sentido do perdão. Para que deixe de ser somente uma palavra que deixamos de lado enquanto feridos e se torne um conjunto de sentimentos que se harmonizam.´
É preciso que se dê um profundo mergulho em nós mesmos para vermos que também nós podemos ter ofendido alguém ou termos feito algo "imperdoável" (conscientes ou não).
É preciso encontrar nossa própria sombra para vislumbrarmos a luz daquele que nos feriu.
Como você diz em seu texto, não existe perdão, existe o tempo. E só com o tempo e uma variedade de experiências é que conseguimos "entender". Assim, o tal perdão é automático. A angústia ou seja lá como é chamada a sensação de "imperdoável" se desmancha, desaparece.
E aí sim, podemos dizer que existe o perdão.
E outra: perdoar não é esquecer, mas lembrar como uma lição muito bem aprendida.
Beijos