História baseada em fatos reais.
Após o casamento de Izabel e Antônio, o casal recebeu da cidade de origem do noivo, alguns de seus objetos pessoais, remetidos por sua família.
Entre os objetos veio uma caixa com centenas de cinzeiros. Ao abri-la, Izabel sentiu um frio correr pelo seu corpo.
Era a coleção de cinzeiros de Antônio, que havia sido iniciada pelo seu irmão ainda na infância, motivo que aumentava o valor sentimental da coleção.
O que fazer com tantas peças que não foram escolhidas e sim "captadas" sem nenhum critério de valor ou beleza e que não faziam o menor sentido para Izabel? Sentimento que era compartilhado por toda a família de Antônio, só não por ele, naturalmente.
Durante anos, a coleção permaneceu com o casal guardada num quartinho dos fundos da casa, pois Izabel, não admitia expô-los.
A coleção de cinzeiros sempre foi motivo de brincadeiras, piadas entre a família e amigos de Izabel e Antônio.
Quando houve a separação do casal, quinze anos após o casamento, Izabel, fazendo a divisão dos objetos pessoais do casal, entregou a Antônio, a caixa com os cinzeiros da coleção, cuidadosamente acondicionados por ela.
Alguns anos mais tarde, infelizmente Antônio veio a falecer, para a tristeza dos amigos, da família, de Izabel e dos filhos que tiveram. Esta é a parte triste desta história.
Por seus filhos, Izabel, junto com a família, passou novamente pela situação de separar os objetos pessoais de Antônio, para dividi-los entre os filhos e familiares.
E assim foi feito com as roupas, livros, fotos, enfeites, móveis etc. A cada objeto que separavam, muitas histórias iam sendo lembradas, sempre entre risos e lágrimas.
Foi quando Izabel, ao abrir a porta da lavanderia, deparou-se, entre os molinetes, varas de pescar e anzóis com a caixa da coleção de cinzeiros, intacta da mesma forma como ela havia entregue a Antônio.
Naquele momento, Izabel experimentou mais uma vez, aquele mesmo frio a correr pelo seu corpo.
A imagem daqueles objetos, tomavam proporções gigantescas e apavorantes diante de seus olhos.
Consultada toda a família, nenhum de seus parentes, queria ficar com a tal coleção, e decidido ficou que a coleção de cinzeiros poderia ser descartada, cabendo mais uma vez à Izabel executar tal tarefa.
Izabel em poder da coleção, sentiu-se completamente desencorajada para tomar a atitude de dar um fim à caixa de cinzeiros. A partir deste momento, a coleção passou a ter significado especial.
Com este novo sentimento, Izabel, decidiu que ficaria com a coleção de cinzeiros e negou-se a mantê-la escondida dentro da caixa, no já famoso quartinho dos fundos onde passou a vida inteira. Decidiu por abri-la, fazer uma seleção dos melhores cinzeiros e expô-los em sua casa.
Guardou os rejeitados. Naquele momento, era o melhor a fazer.
*Antônio é Rui Virgilio Crisóstomo Borba, com quem fui casada e tivemos dois filhos, Vinícius e Bernardo, que consultados, consentiram com esta publicação.
*Dar nomes aos personagens, me deixou mais à vontade para contar esta história.
Gosto especialmente:
Cinzeiros com o logo das marcas Martini e Cinzano - hoje podem ser considerados kitsch.
Cinzeiro com o logo do Museun Chopp - lembrança do Restaurante de Rui, que funcionava no Museu de Arte de Joinville, na rua XV de novembro, 1400.
Cinzeiro da Churrascaria Dom Curro de São Paulo.
Cinzeiro da Petrobras curiosamente de porcelana feito a mão por Ten Kate & Slijper de Amsterdam com o logo da Bavaria Germany.
Cinzeiro do Conhaque Courvoisier de porcelana francesa.
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