segunda-feira, 8 de março de 2021

Falta assunto


Card sobre arte com o nome do blog SuperLinda. Placa com a inscrição em espanhol da frase, sem nome do autor, "cuando estoy em silencio la mente me grita".

 

Minha amiga outro dia reclamou que não aguenta mais a falta de assunto nas conversas de WhasApp. "Só se fala de covid e pandemia" disse ela. É claro que ela tem razão. E temos que achar bom que existe WhatsApp para nos comunicarmos. Já pensaram isso tudo acontecendo quando não existiam aplicativos e redes sociais? 

Mas porque não temos assunto? A resposta é óbvia: porque é isso que vivemos há um ano. No tempo em que nos encontrávamos socialmente nas rodas de amigos, qual era o papo que rolava? Era o filme que assistiu, a viagem que fez, uma pessoa que conheceu, um lugar novo para visitar, a festa de casamento, de aniversário que foi. Desses assuntos, o único que podemos falar é dos filmes da Netflix, sendo que na maioria, já assistidos por todos. Parece inacreditável mas já estamos falando do tempo em nos encontrávamos socialmente como algo do passado.

Se existe falta de assunto para conversar, para escrever, muito mais. Para alguém, como eu,  que não cria histórias, sejam elas em forma de contos, poesia ou prosa, é muito pior. Minha escrita são relatos de histórias, minhas ou suas, mas vividas e verdadeiras. Nessa situação escrever para o blog, pode não parecer, mas é uma tarefa árdua. Até reclamar da falta de assunto se transformou em assunto e ganha relevância.

As vésperas do aniversário de Joinville e no Dia Internacional das Mulheres, estes poderiam ser temas bem apropriados. Ainda assim é uma repetição de agenda anual. Nesse aspecto reconheço o trabalho dos jornalistas de mídias que são obrigados a tirar da alma um gancho para pauta. Em especial, nesse ano, parabenizo os profissionais que trazem, em destaque, a Princesa D. Francisca. Fogem dos tradicionais emigrantes alemães como a barca Colon e dão destaque a um símbolo da mulher de Joinville. 

Poderia escrever sobre os alarmantes dados de feminicídios, sobre a vida, a religião, a intolerância, o vitimismo, conceitos e preconceitos no mundo. Mas não, não quero. Procuro assunto de traga alegria, exemplos bons. Eu sou da turma que entende que o jornalismo muda o mundo também pela divulgação das boas ações e bons exemplos. É nelas que devemos nos espelhar para seguir em frente. Prefiro escrever de atitudes no dia a dia que ofereçam outras possibilidades. Que você encerre a leitura com satisfação.

Eu não sei mais sobre o que eu poderia escrever. Sobre a praia, as crianças, o namorado, sobre passeios, coisas que nem existem mais. Sobre parques e restaurantes, fechados? Se é viagem, longa ou curta, tudo vem como #tbt. Sim, vivemos uma época em que faltar assunto é normal. Focamos no desabafar de quem está com maiores dificuldades na tentativa de abraçar quem precisa. 

Comentar sobre o momento e expor nas redes sociais é repetir os assuntos batidos de sempre. É preciso muito cuidado. Qualquer distorção, neste momento de tanta sensibilidade, pode ser  visto como politicamente incorreto.

Falta assunto, talvez criatividade, mas que falta alguma coisa, falta. 

 

Legenda de foto para acesso do deficiente visual. #pracegover.  Arte de Leticia Rieper.

- Seu blog dá acesso ao deficiente visual?     

 

2 comentários:

Helio disse...

Perfeito

Raquel Ramos disse...

Oi, Helinho. E assim vamos seguindo em pandemia. Grande abraço.