Vá a Paraty. Essa é a
primeira recomendação. Depois você escolhe como e por onde começar
a explorá-la. Há roteiro histórico, ecoturismo, trilhas, rappel,
canionismo, arvorismo, tirolesas e encantadores passeios de lancha,
barco ou escunas.
Estando lá, e encantada entre as construções coloniais, optei por um passeio à pé, de manhã bem cedo, com o objetivo de bater fotos das casas e ruas. Só assim teria imagens sem os milhares de visitantes que andam por todo o centro histórico e que logo surgem em grupos acompanhados de guias turísticos.
A impressão que se tem na chegada,
é de que a cidade parou no tempo. O primeiro impacto, por mais que
você leia e se intere do assunto, é trilhar
por sobre as pedras “pé-de-moleque” fincadas no chão pelo
escravos. Prepare-se e use um calçado seguro para se
equilibrar sobre elas, e então sentir-se cambaleante e vivendo entre 1530 a 1581 em pleno Brasil Colônia.
Mas, logo essa primeira impressão, de cidade que parou no tempo, se desfaz. Para isso, basta dar uma volta no
centro histórico e sentir a Paraty atual. Descolada de opções em
cultura, gastronomia e divertimento, ela é um misto de tradição e
modernidade de ambientes climatizados e repaginados, sem perder as características coloniais.
Pode-se dizer que a cidade é emoldurada pela arquitetura colonial. Ela viveu seus
anos de glória e riqueza no Ciclo do Ouro, quando se tornou a mais importante rota no escoamento de ouro, diamantes e café. Essa riqueza vinda de Minas Gerais, tinha como destino à Europa, através do porto de Paraty.
A abundância desse período está representada nas casas com abacaxis como detalhes das janelas. Isso significava que ali morava um nobre. O
amarelo representa o ouro, coroa como o rei, com sentido de boa
sorte, prosperidade e hospitalidade. De acordo com informações dada aos turistas, isto "nada tem a ver com a maçonaria", embora tenham sido eles que urbanizaram a cidade. Outra característica do poder econômico à época são as construções com um segundo andar que serviam como torre de vigia. Por toda a Paraty colonial há apenas uma única casa com três andares. Este ponto era tido como um observatório.
Hoje, Paraty é voltada para a cultura e o turismo. É comum ler nos cardápios indicação de pratos e drinks com a observação de prêmios recebidos nos festivais que acontecem por lá. Um deles é o Festival da Cachaça, Cultura e Sabores. que visa valorizar os métodos de produção da cachaça, a cultura caiçara e gastronomia. Suas
ruas são palco de festas religiosas, folias de carnaval e a cidade se
torna a capital dos intelectuais quando acontece a badalada Festa
Literária Internacional.
Por essas ruas centrais, entre tantos artesãos, há índios vendendo e demonstrando habilidade no artesanato. A um deles me dirigi querendo saber de um enfeite de cabelo, ao qual respondeu: 40 reais. Deixei de lado, achei caro, mas me interessei em saber qual era a pena que ele usava, tamanha era a beleza do trabalho. "É papagaio", respondeu ele. Larguei a peça e saí me questionando: Índio pode tirar pena de papagaio para fazer trabalho artesanal e vender? Vale uma reflexão: a prática de subsistência para ele é crime para nós.
Tombada
Monumento Nacional desde 1966, nem tudo pode ser considerado
maravilhoso na cidade. Ela sofre por descuidos e falta de atenção
administrativa do poder público. Há sujeira nas ruas e são
constantemente alagadas com as enxurradas de água da chuva. Em alguns pontos chega a cheirar mal. Os alagamentos, mais os altos preços na alimentação e comércio
são os principais problemas apontados pela atendente do Sebo Cultural
Paraty, que diz: "como moradora da cidade também sofremos com os preços
elevados que cobram dos turistas".
Paraty tem opostos no seu cotidiano. Ela tem "Encantos & Malassombras", é linda, é pacata, mas os andantes se atropelam como na hora do rush das grandes cidades. Os restaurantes atendem só até às 22h, mas estão nas calçadas desde a manhã cedo. É vibrante, se irradia entre o azul do mar e o verde da Mata Atlântica, e entre esses dois extremos tem o colorido dos barcos e os casarios coloniais.
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Sorveteria com mesas em rua de pedra "pé-de-moleque". |
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Casario colonial com o terceiro piso que servia de observatório |
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#SuperLinda em rua central |
* Encantos & Malassombras é o título de um livro de Thereza e Tom Maria comprado no Sebo da praça.
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