quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Circuito Vale Europeu Catarinense - Uma aventura sobre rodas


Cristiane diante de uma das placas de indicação do circuito

O circuito de cicloturismo Vale Europeu tem 330 km de percurso, que começa e termina na cidade de Timbó (SC). Para cumprir este curso, são previstos 7 dias e passa pelos municípios de Pomerode, Indaial, Ascurra, Apiúna, Rodeio, Benedito Novo, Doutor Pedrinho e Rio dos Cedros.

Projetado dentro da realidade da área rural, predominantemente de estradas de chão, ele é todo sinalizado com placas e setas amarelas indicativas do caminho a ser seguido. Isso o qualifica como "auto guiado", segundo o próprio site.

Percorrer todo o circuito dá direito a um certificado de conclusão do Cicloturismo Vale Europeu. Para isso os cliclistas devem adquirir um passaporte e parar nos vários pontos indicados para carimbar, apresentando-o ao final. 

Trecho do circuito em estrada de barro.
Porém, existe a possibilidade fazer um trecho mais curto, e esta foi a escolha de Cristiane Delboni e seu marido Cristiano Esmeraldino. Recentemente, no feriado de 01 de novembro, eles fizeram 150 km, num grupo de 25 pessoas e com um serviço de apoio que parava a cada 10 km. Como ela mesma explica "em grupo ninguém pedala sozinho, em caso de necessidade um colega pode dar auxílio a outro".

Mas, Cristiane recomenda fazer reserva antecipada das pousadas, restaurantes e principalmente guias como orientadores. Ela alerta que quem sai sozinho para fazer o trajeto, mesmo com experiência de pedal, conhecendo o percurso que é bem sinalizado, corre o risco de se machucar e não ter a quem pedir socorro. "Porque a pessoa está no meio do nada, são quilômetros e quilômetros entre fazendas sem encontrar ninguém" diz ela.

Mesmo para quem prefere fazer o passeio sozinho é possível agendar um guia exclusivo, como fez um casal de Brasília que encontrou na estrada. Eles, conheceram o circuito através de revista e televisão, fizeram o treinamento em academia e contrataram um guia para acompanhá-los ao estilo "andar na roda". _ O termo "andar na roda" é uma expressão usada no ciclismo, que consiste em andar muito próximo um do outro como forma de proteger os atletas.


Para Cristiane, além da prática esportiva, o que vale é a interação, a troca e o sentido de companheirismo que se estabelece entre as pessoas. Conta como exemplo, que foi picada por uma abelha e um colega, que mal havia conhecido, imediatamente pegou folhas de eucalipto, amassou e fez uma compressa sobre a picada até que chegasse no local dos primeiros socorros.

Curiosamente perguntei se a folha de eucalipto tem efeito terapêutico em picadas de insetos e a fisioterapeuta, de imediato respondeu: "Não sei, vou me informar". E rindo continuou:"Psicologicamente, faz muito bem, porque pedalei o tempo necessário, sem me preocupar com a mão que começava a ficar inchada". 

Mas, as trocas não ficam só nisso. Em determinada, altura, seu marido Cristiano, cansado, decidiu, fazer um trecho com a van. Coincidentemente outro parceiro do pedal, teve que parar porque quebrou a bicicleta. Como, só quem é ciclista entende o que significa sair para pedalar e ter a bicicleta quebrada, ofereceu, sem pestanejar, a sua para aquele companheiro.

Ter o serviço de apoio, serviu também quando Cristiane e outras 6 pessoas preferiram fazer um determinado trecho na caminhonete, para se protegerem do vento que  arremessava galhos de pinheiros  na estrada.

Durante o trajeto, desfruta-se os melhores atrativos da região, como cachoeiras, arquitetura colonial e a natureza, por entre estradas bonitas e tranquilas. Mais próximo das pousadas, a vida em torno da represa, depara-se com casas de alto padrão, piers de frente para o lago, jet ski, lanchas, stand up, canoas para pescar. "Parecia um mundo a parte na vida ao ar livre". 
Vista da represa
Foram três dias pedalando cerca de 40 a 50 km por dia. Em horas, isso representa uma média de 7 horas/dia, "com rápidas paradas, para lanche e almoço, porque o corpo não pode esfriar" explica a ciclista.  

Para o descanso da noite, a escolha foi a Pousada Duwe e Pousada das Palmeiras em frente as barragens.  Elas oferecem quarto individual, casal e coletivo, tipo hostel. Tudo ao estilo alemão e italiano, típico da colonização local, identificado sem margem de erro pelo sotaque carregado dos donos e trabalhadores locais. 
Pousada Duwe
Voltados ao cicloturismo, a maior preocupação desses serviços são as necessidades dos ciclistas. Para tanto pedem sugestões, conversam, interagem em busca do que cada um precisa. Do farto café da manhã, na Pousada Palmeiras, por exemplo, é permitido ao hospede servir-se de lanche extra para levar no caminho a enfrentar. "Isto é um diferencial" comenta a pedalante.
Na chegada, disponibilizam local com ducha para lavar as bikes, secadora de roupas de uso comunitário. Em volta desse serviço, os viajantes sobre rodas, formam uma verdadeira reunião, enquanto aguardam o jantar, onde o assunto é um só: bicicleta. 

_Qual o trecho foi mais difícil, em que momento sentiu cansaço, se o freio ou a marcha da bicicleta falhou. Falam todos ao mesmo tempo, conta a ciclista, ainda entusiasmada, e acrescenta: "exaustos e com a adrenalina no top, na maior sintonia e alegria". 

Mesmo com tudo isso, observa ela, "é preciso crescer mais para atender o turista e falta melhorar a estrutura". Um fato causou, se não decepção, no mínimo uma certa estranheza, à Cristiane. "Nesse ambiente criado para ciclistas, não havia ninguém pedalando naquelas estradas, além do nosso grupo e do casal brasiliense". 

Um dos motivos, apontados, pode ter sido o clima chuvoso daquele dia e o outro, o tamanho do percurso. É necessário se programar com antecedência, têm que coincidir com um feriado ou com época de  férias e quando chega o dia, não podemos nos dar o luxo de não ir "só porque esta chovendo" diz ela, bem humorada.
 
A cidade de Timbó é linda, é movimentada por esse turismo, as lojas comerciais estavam abertas no domingo e  com muitas pessoas caminhando nas ruas, fala com empolgação. Há muitos motivos para querer voltar. O circuito oferece outras atividades como descer de tirolesa,  banhos de cachoeira, e até Hotel 5 estrelas, para passar fins de semana, em Rio dos Cedros, na mesma região.. 

Porém, no caso de Cristiane, além desses motivos, ela confessou que não conseguiu subir um dos trechos de pedras soltas, e o fez a pé empurrando a bicicleta. Sem desanimar, ela faz desta experiência um desafio para  treinar mais, se preparar e  então voltar para subir, agora sem descer da bicicleta.

Cristiane em frente à uma peque na igreja da estrada
Cristiane com a camiseta do blog diante da Cachoeira Véu de Noiva
Cachoeira Véu de Noiva
Trecho de estrada de asfalto com flores do campo amarela nas encostas

Cristiano e Cristiane
Kna Alemão e Cris Amigos que fazem do SuperLinda também um blog de viagem

Seu blog dá acesso ao deficiente visual? 



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