sábado, 5 de janeiro de 2019

A tradição do Terno de Reis



A cantoria invadia as ruas por noites afora, em alto e bom tom, fazendo o som das violas entrar nas casas sem pedir licença. Nessa época de verão, tempo de Terno de Reis, quando as famílias ainda tinham o hábito de sentar na varanda, e não dentro de casa no conforto do ar condicionado, era esse o barulho que esperávamos ouvir vindo das ruas.

Lembro da risada da minha Vó Mila, na alegria de ver um grupo cantante se aproximando. Ela reconhecia os componentes, um a um, e se dirigia a eles pelo nome ou fazendo referência à família a qual pertenciam. Esses cantores, formados por amigos entre si, passavam de porta em porta fazendo louvações aos donos das casas, que sempre abriam os portões, penduravam-se nos muros ou janelas a ouvi-los.

Esta ainda é um lembrança muito viva dentro de mim e me remete à Tijucas e ao Perequê. A primeira é a cidade onde nasci, no interior de Santa Catarina, e a segunda a praia em que passei a infância e juventude. Junto com essas lembranças chega forte também, recordações de meu pai Gercy. Ele nunca deixou que saíssem da sua casa sem antes oferecer um gole de whisky, enquanto a minha mãe Zelândia, aproveitava aqueles momentos para fazer a voz feminina do grupo.

Era uma verdadeira festa. Rápida, mas muito aguardada e bem vinda. Como diziam eles: “Estamos de passagem”. E saiam ao som de “Viva o Santo Reis!” ao que todos respondiam: “Viva!”.

O Terno de Reis é um patrimônio imaterial da cultural brasileira, de influência portuguesa e cristã. Sua prática precede o Dia de Reis celebrado em 06 de janeiro. Segundo relatos bíblicos, esta data é comemorativa a visita de Belquior, Baltasar e Gaspar para Jesus, quando lhe foi oferecido de presente ouro, incenso e mirra.

"O Evangelho de Mateus relata que magos vindos do Oriente procuravam o rei dos judeus, cujo nascimento fora anunciado a eles por uma estrela. Eles vêm de diferentes caminhos e anseiam pela criança divina. Representam o ser humano de diferentes raças e culturas, de diversas religiões e costumes e pretendem descobrir o mistério da vida. Eles não são mágicos, mas sábios que seguem as indicações das estrelas". Festa dos Reis: tradição, cultura e fé. CNBB - Dom Leomar Antonio Brustolin - Bispo Auxiliar de Porto Alegre.

Cantoria de Reis - Tijucas (SC) link da página do FB.

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