sábado, 12 de outubro de 2019

A Route des Grands Crus na Côte D'ór - França


Vista panorânmica dos vinhedos da Côte d'or. Ao centro o Close de Vougeot.

William Mendes começou o dia contando uma história pessoal: "Quando perguntam o que eu faço em relação a trabalho, respondo: sou um administrador de sonhos". Diz, o guia acompanhante, ao iniciar a viagem pela estrada conhecida como Côte D'Or, que liga a cidade de Dijon à Beaune, na Borgonha. Esta introdução, certo que não foi por acaso, já que é exímio conhecedor da região, e sabia exatamente o que nos aguardava no percurso que os franceses chamam de Champs Elysées dos vinhedos.

William, se diz um administrador de sonhos porque considera que viajar é a realização de um sonho. Brincando com uma verdade, completa: "até porque se eu não souber administrar uma viagem, cobrar pontualidade, confirmar visitas e agendas, ela pode se tornar um pesadelo". Dito isto, ele começa a discorrer sobre os 60 kms, a serem percorridos pela rodovia D-974. Um trecho de ruas muito estreitas e floridas, telhados borgonheses, com pequenos vinhedos nas rotatórias e canteiros de cerca viva feitos de rosas selvagens.

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o sentido das palavras do guia, certamente as teve totalmente dissipadas a partir de então. Não é prazer, não é magia, é sonho mesmo. Pisar em terras dos donos do mundo no que diz respeito a vinho é uma realização pessoal e indescritível. Não é preciso ser enólogo ou sommelier, embora entre nós, houvessem dois deles, é preciso sim ter conhecimento de que você está na mais famosa rota de vinhos da Europa. Isto é cultura.

"Viajar é colecionar experiências" continua William, falando enquanto  o ônibus cortava a Côte D'or, ou a Costa do Ouro, que tem esse nome inspirada na deslumbrante cor dourada do solo. A passagem é rápida, não leva mais do que alguns minutos além de uma hora. Mas, sentir o charme da região, andar entre vinhedos de reputação internacional que trazem consigo uma história milenar e o aprendizado adquirido são sim, experiências para enriquecer qualquer coleção de viagem. 

Na rodovia denominada "Route des Grands Crus", que mais parece nome de rei e rainha, essas terras onde os vinhedos estão plantados são tombadas Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. Lá se produz os vinhos tintos e brancos prestigiados e apreciados pelo mundo inteiro pela sua elegância e refinamento. É onde estão os premier crus e grands crus. A Côte dÓr, está dividida em duas partes: a Côte de Nuits, de vinhos tintos produzidos a partir da uva pinot noir e a Côte de Baune, onde predominam os brancos chardonnay.


Os vinhos franceses podem ser classificados como: 
_o vinho comum, chamado vin de table (vinho de mesa);
_o vinho apelação vilage (que leva o nome da vila);
_o vinho apelação regional (que leva o nome da região);
_o premier Crus  
_e o melhor deles o Grand Crus. 

Tudo determinado pelo tipo de terreno onde está plantado. Para chegar a essa classificação foi produzido um mapeamento ao longo dos anos. Neste estudo ficou comprovado que um terreno que produz um vinho qualidade "grand crus" sempre vai produzir um "grande crus".  Assim sucessivamente em todas as categorias.

Nesta região o turismo é feito por  pessoas do mundo inteiro. Eles vêm para visitar os vinhedos, as caves, fazer degustação. Junto com a reconhecida gastronomia e os produtos da culinária francesa, incluindo os queijos,  a cultura do vinho é uma das grandes atrações do turismo no país e de grande importância para a economia local. Em tempos de colheita da uva, durante o mês de setembro, calcula-se que aproximadamente 250 mil pessoas trabalhem nesta atividade. São serviços temporários e feitos manualmente. Cacho a cacho as uvas são cortadas do pé. Para esta atividade, diz-se haver preferência pela mão de obra feminina pela delicadeza que a tarefa exige. Após, as frutas  são recolhidas em pequenos containers puxados por trator.

A medida que vamos nos adiantando na rodovia, Willian continua as explicações para que tenhamos, dentro do possível, conhecimento sobre tudo o que envolve esta cultura. Passada a colheita, com a aproximação do inverno é feita uma poda drástica na planta, ficando apenas o caule central na terra. A uva precisa ter um inverno com 720 horas de temperatura abaixo de 7ºgraus C. Durante o período em que a fruta esta no pé, ela não pode ter noites muito frias. "É tempo de colocar pedras em volta das parreiras e na base da videira. Durante o dia, o sol esquenta a pedra, o calor dela é liberado ao longo da noite ao solo, assim a raíz nunca fica exposta ou em solo frio". 

Dessa maneira, embalados pelas histórias, mexendo a cabeça em movimento com os olhos ora para direita, ora para a esquerda, paramos na Bouchard Ainé & Fils. Conhecer a cave e fazer uma degustação de vinhos fazia parte da programação. _Sobre a visita, aguarde post exclusivo em breve_. A parada final antes de seguir para Dijon foi na cidade Beaune, a capital dos vinhos da Borgonha. 

Baune é a cidade perfeita para quem quer conhecer um pouquinho da vida e a rotina do interior da França. Ruelas de pedras, edifícios centenários, pracinha de carrossel, balões no céu e campos verdes a perder de vista. Ela é tida como uma das mais charmosas cidades da França, com um mercado à moda da Idade Média e o famoso Hotel-Diêu, uma antiga hospedaria e jóia da arquitetura medieval com suas telhas vitrificadas multicoloridas.

Viver aquela paisagem tal qual vimos em tantos filmes franceses já não é mais um sonho, é uma realidade. #SuperLinda realizando vontades.

Seu blog dá acesso ao deficiente visual?    Fotos legendas para acessibilidade do deficiente visual. #pracegover
Vista panorâmica com uma construção de telhado estilo borgnonese. O verde da vegetação, dia de sol e céu azul.
Vista panorâmica dos vinhedos. Pequena construção com a inscrição do nome da propriedade "Chambertin Clos de Beze" Domaine Pierre Damoy".
Vista dos vinhedos e do solo da dor dourada
Trecho da estrada passando por dentro das pequenas vilas. Jarros de plantas pintadas de vemelho e flores coloridas colocados próximo das portas.
Passagem por dentro das vilas. Flores amarelas, vermelhas, rosas em vasos nas paredes, canteiros e sacadas.
Grande mansão no centro de uma vila. O tamanho demonstra o poder econômico do proprietário.
Trecho da estrada com várias placas indicativas das caves da região



Vista panorâmica da estrada no interior da vila, construções com canteiros suspensos nas janelas e ruas muito limpas.

*Fotos amadadoras, algumas sem foco, feitas por Raquel Ramos, de dentro do ônibus em movimento e de celular.

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