Está é uma reportagem feita originalmente como trabalho acadêmico, desenvolvidos pelos alunos da 4a Fase de Jornalismo, Fernanda de Lourdes Pereira, Leticia Rieper, Kaue Natan Vezentainer, Israel Antunes e Raquel Ramos, para a matéria Jornalismo Digital III, professora Kérley Winques, da Faculdade de Jornalismo Bom Jesus Ielusc. O SuperLinda começa a mostrar ,o conteúdo a partir de hoje, divido em 4 capítulos.
As histórias da origem do bairro Espinheiros são desconhecidas da grande maioria da população joinvilense e até mesmo de muitos de seus atuais moradores. Poucos sabem, por exemplo, sobre a plantação de café, uma riqueza cultivada naquele local, quando o transporte ainda só se dava por embarcação navegável, conforme relato no blog Moinho dos Ventos: “O café, produto muito cultivado, era vendido para o extinto Café Amélia. Dona Maria Monteiro do Livramento conta que a roupa era feita de saco de farinha. Folhas de mangue eram vendidas para as Indústrias Reunidas C.Kuehne S.A. Cortume para o Sr. Ricardo Karmann, que das folhas tirava a resina. A folha do mangue era transportada de canoa. Essa atividade se encerrou a mais de 40 anos. Outro produto vendido, era a lenha. As compras eram feitas no Mercado Municipal pois na região não haviam comércios”. [sic]
Uma terra tomada por um mato de espinhos, daí a origem do nome Espinheiros, é também rodeada de água por todos os lados. Não se espante diante da afirmação "rodeada de água por todos os lados", pois esta região, rica em peixes como tainha, bagre, parati e pescada, é uma ilha. Uma ilha que poucos se dão conta quando hoje transitam por ruas asfaltadas e pontes de concreto, uma realidade diferente do início da urbanização do bairro.
De conhecimento desta particularidade geográfica, é possível compreender o comentário do senhor José Olegário Santiago:
_ é bom morar aqui porque sempre tem esse ventinho vindo do mar, explica. As pessoas vêm ao bairro à passeio, fazem caminhada, aproveitando o ar de praia pelas calçadas da rua Antônio Gonçalves. Após a urbanização é como se tivessem construído uma avenida beira mar no Espinheiros. "A água que circunda a ilha é um canal de grande profundidade, mas a gurizada não tem medo e pula à vontade", diz o aposentado, Coordenador do Grupo de Idosos N. S. dos Navegantes.
Senhor José Manoel da Silva empurrando a bicicleta sobre o trapiche |
Não há como negar o sentimento que surge quando acontece o primeiro contato entre os olhos e a esta paisagem. Se estabelece, de imediato, um fascínio à primeira vista e uma relação amistosa entre os amantes do mar e as águas do Espinheiros. Antes das 10h da manhã, o pátio de estacionamento de acesso ao Barco Príncipe já está repleto de carros e ônibus, sinal certo de lotação completa e da embarcação pronta para partir.
Pier de embarque no Barco Príncipe |
Sr Miguel |
Barco Príncipe |
Portal Porta do Mar |
Alencar Reinhold Júnior, técnico em eletrônica, frequenta o bairro há mais de quarenta anos. No dia da nossa visita estava com o filho pescando siri, o que faz já há alguns anos, e relatou que embora não sinta diferença na quantidade do crustáceo, " hoje não está dando nada”. Para ele, a Prefeitura deve continuar o investimento para além do Parque Porta do Mar. “O bairro está muito abandonado, esquecido”. Assim como o Sr Alencar, muitos outros vão ao trapiche com puçá em busca de siri.
Pescador de siri |
Vista panorâmico do trapiche |
Baia da Babitonga, embarcação de turista e o Morro do Amaral. |
Aline e Tatiane |
Aline Cardoso e Tatiane são amigas e trabalham na mesma empresa. Tatiane, é paulista e está morando em Joinville há 4 anos. Gosta de morar aqui e das opções de lazer rural que a cidade oferece, assim como Aline, que aproveita os fins de semana para passear com a sua filha de quatro anos.
Foto do Sr Mário sobre a cadeira de rodas no trapiche |
Quando vai para o trapiche, é a sua esposa quem o ajuda. "Ela sai, vai fazer as coisas dela e depois no final da tarde vem me buscar" diz Mário. Em casa ele troca a cadeira pela prótese para melhor se movimentar. Perguntado se não dá para ir ao trapiche usando a prótese, ele comenta da sua preocupação em estragá-la com a maresia. Durante muitos anos, trabalhou como motorista na PMJ (Prefeitura Municipal de Joinville). Hoje, aposentado, conta com entusiasmo da época em que era motorista e segurança dos prefeitos. Demonstra orgulho ao citar as viagens que fazia, levando o então prefeito Dr. Nilson Bender a Curitiba para tratamento de saúde.
Foto dos barcos no Iate Clube |
E as surpresas não param por aí. O bairro já tem sua história descrita em contos. O livro Contos Populares e Cordéis do Bairro Espinheiros, reúne o textos escritos pelos alunos da Escola Municipal Maria Leal, sob a orientação da professora Ângela Maria Vieira. Do início da chegada dos primeiros moradores em casas levantadas sobre os mangues, lá se vão 25 anos. A grande área de mangue na zona leste da cidade, à beira da Lagoa Saguaçu, uma região discriminada, cheia de dificuldades de acesso e infraestrutura é hoje um dos locais mais procurados para lazer em Joinville.
Sequência de foto do pescador jogando a tarrafa.
Seu blog dá acesso ao deficiente visual? - Fotos feitas no bairro Espinheiros com vista da baía da Babitonga, o trapiche, o barco Príncipe, os personagens entrevistados.
4 comentários:
Que maravilha poder conhecer os segredos que o Espinheiros esconde e nos reserva, uma ilha 😱👏👏👏 já participei diversas vezes de passeios no Barco Príncipe,sempre levando amigos que estão me visitando, mas sempre sem a oportunidade de conhecer o entorno. Adorei esta matéria!! 👏👏👏👏
Olá, que prazer ter um comentário como o seu. Me sinto muito valorizada. Obrigada pelo carinho.
Parabéns pela reportagem!!Não conhecia todos esses encantos dessa ILHA tão maravilhosa.Os relatos são muito ricos para nossa cultura. Valeu
Oi. É um prazer muito grande receber esse comentário. Obrigada.
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