segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A vida sem carro - #CrônicaDeSegunda

Nem todos os desafios a que me proponho eu dou conta de cumprir. Meu compromisso é com a responsabilidade de tentar.

Nestas condições não resisti a sugestão de Guilherme Kuhnen para escrever semanalmente uma coluna no blog chamada "Crônica de Segundas". Mas de segunda o quê?

Perguntei pra ele e respondeu:
- Não sei, respondeu-me, com a irreverência de quem joga o assunto na mesa e diz: "Te vira!"

E surgiram ideias tais como: crônica de segunda categoria? De segunda opção? De segunda vez? De segunda mão? De segunda linha? De segundas-feiras? De segundas intenções?

Hum... e por que não? Com a crônica abaixo apresento a primeira Crônica de Segunda.

EU SEM CARRO



- Mãe, já estás acostumada a viver sem carro?

Aiii! Que raiva que me deu ouvir essa pergunta. Muito irritada, respondi:
- Não. Ninguém acostumada a ter carro quer ficar assim por muito tempo.

Meu problema nunca foi andar a pé. Hoje sim, este é o meu problema. Não tenho carro. Não que tenha sido sempre assim. Comprei meu primeiro, meu segundo, todos os carros que tive. Vender o carro foi uma questão de opção necessária. Embora não tenha sido a mais confortável das opções, foi a mais acertada.

Não vou fazer da minha vida sem carro um drama, aliás essa não é uma característica minha, mas daí a querer fazer graça com a minha cara, não.

Diariamente pego meu fone de ouvido, minha mochila, e saio Joinville afora fazendo minhas atividades. Feitas as opções pelo calçado certo, dias melhores, dias piores, pego o rumo da minha nova vida cheia de graça...

Pelo caminho vou resolvendo, ao menos em pensamentos, todas as minhas questões. A cada esquina largo uma dor, a cada quadra jogo fora uma lembrança que nada mais significa na minha vida. Reflito sem fazer tragédia e não crio mais um problema.

Deveria eu me sentir uma fracassada pela escolha que fiz? Eu não fiz uma escolha - eu fiz uma opção. Sem pretensão de eliminar o carro da minha vida, projeto este tempo como um período, talvez, o necessário para o exorcismo final.

Inverter meus pensamentos tornou-se minha especialidade.

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